Cresce adesão a seguro que cobre calote

O medo de perder o emprego tem feito com que mais pessoas contratem o seguro prestamista, que garante o pagamento das prestações de um financiamento em caso de desemprego, morte ou invalidez do consumidor. Segundo a Superintendência Nacional de Seguros Privados (Susep), a adesão à proteção cresceu 25% no Estado de São Paulo no primeiro trimestre deste ano (R$ 624,7 milhões em vendas) ante o mesmo período de 2011 (R$ 500,2 milhões).

O seguro é oferecido principalmente por redes varejistas com o nome proteção financeira. “Esse crescimento está ligado ao ingresso (no mercado de crédito) de novos consumidores que se preocupam com capacidade de pagamento futura, em especial com o risco do desemprego. O cliente paga um valor mensal baixo que acaba lhe dando uma tranquilidade maior”, afirma Marcel Solimeo, economista chefe da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). O medo de desemprego se justifica: o índice passou de 9,6% em janeiro para 11,1% em março deste ano na Região Metropolitana de São Paulo, segundo levantamento do Seade-Dieese.

A assistente de plano de saúde Raquel Melo, 19 anos, sabe bem o que é não ter como pagar um parcelamento. Consumidora assídua do crediário de uma rede de lojas de roupas, recusou o seguro e se arrependeu quando perdeu o emprego. “Na época, não quis o seguro, porque era um gasto a mais. Desempregada e sem conseguir pagar as prestações, a loja sujou meu nome”, conta ela que já conseguiu um novo trabalho e tenta regularizar a situação. “Se fosse hoje, contrataria sim. De agora em diante vou me prevenir”, afirma.

Diretamente relacionado ao consumo, o seguro prestamista cresceu principalmente graças às vendas do varejo. “As lojas de varejo oferecem esse seguro principalmente na venda de os produtos da linha branca (eletrodomésticos) e eletrônicos da linha marrom (som, TV, etc)”, diz Marcos Pummer, assessor técnico do Sindicato dos Corretores de Seguros de São Paulo (Sincor-SP).

Segundo ele, o seguro também é usado para arcar com mensalidades escolares e financiamentos. “No seguro educacional e no financiamento de imóveis, o maior motivo da contratação é o medo da morte. Já nas prestações do varejo e de carro, o temor é o desemprego”, afirma. Ele lembra que o preço depende do valor do bem adquirido, do número de parcelas e da renda do cliente. “De maneira geral, no seguro educacional fica entre 1% a 3% do valor total. No imóvel, no máximo 0,1%. Já no varejo, algumas empresas trabalham com valores fixos. No caso de imóveis, a contratação do seguro é obrigatório, mas também se encaixa na categoria prestamista.

Vladmir Freneda, diretor de Marketing da Seguradora Assurant, que oferece a proteção financeira de lojas como Pernambucanas, Marisa e da operadora TIM, diz que o preço seguro fica mais atraente para compras divididas em muitas parcelas. “Além de dar proteção por um futuro que pode ser incerto, o valor do seguro acaba tendo uma diluição num número maior de parcelas. Em geral, o seguro começa a ser atrativo a partir de financiamentos superiores a três parcelas. Antes disso, o custo não é tão atrativo”, diz.

Fonte: Jornal da Tarde – Economia – Saulo Luz

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